sábado, 21 de agosto de 2010

Fui pro Lasik - e tô vendo tudo!

É um pouco inevitável falar dessa cirurgia de um jeito mais meloso do que ela realmente deveria ser. Na verdade, pela naturalidade do meu médico e das enfermeiras do centro de cirurgia ocular, eu poderia até ficar envergonhado de estar me sentindo tão bem por estar lá ontem. Na verdade, eu estava me sentindo com pouco mais de 3 anos. Não lembrava como falar, como reagir, nem nada. Estava ansioso, preocupado, aliviado, feliz e ainda um pouco cético. E a enfermeira chamou meu nome. "Vamos lá?", ela disse. Acho que sorria, mas não tenho certeza - ela estava "7º de miopia" embaçada.

Ao deitar na maca, a assistente me explicou sobre o funcionamento da máquina e os procedimentos. "Esta luz é a sua", apontando uma luz vermelha central que piscava, "e estas são a mira do médico", acendendo duas luzes laterais. E eu acatava tudo, ansioso e calmo...

Pra falar a verdade, não tenho certeza do que eu sentia naquela hora. Eu estava em uma espécie de transe, uma euforia. Eu queria gritar, explodir de alegria, e ao mesmo tempo queria ficar quieto, parado, no meu canto, curtindo aquele momento. Há 4 anos eu tentei fazer a cirurgia mas fui reprovado nos exames. Agora, havia passado em todos, e estava prestes a deixar os óculos - que tanto me atormentavam na vida.

Acho que para muitas pessoas o óculos é legal. Na verdade, já virou até acessório, certo?! Mas pra mim nunca foi. Eu nunca fui uma pessoa lá muito feliz por ter de usar óculos. Acho que na infância eu não me importava muito, minha mãe fez uma espécie de tratamento psicológico comigo de forma que não fui traumatizado por isso enquanto era un toco de gente. Mas na adolescência, naturalmente as meninas do Leblon nunca olhavam pra mim...

Usar lentes, desde os 15, já foi um salto na minha autoestima. Àquelas que meu "charme de intelectual" não convencia eu já conseguia enganar com um par lentes rígidas. Consegui saltar de paraquedas e praticar alguns esportes, mas o empenho para acampamentos e viagens sempre fora um saco.

Eu sei que parece drama, e de repente até é. Eu devia ser menos traumatizado por usar um par de óculos, mas acho que alguns assuntos realmente mexem com nossa autoestima de uma forma irrecuperável. No caso dos óculos, é provavel que principalmente pela adolescência, eu definitivamente não gostava deles. Fora que eles me atrapalhavam muito! Veja... Se eu fosse fazer uma corrida de aventura, eu usaria óculos - e teria a chance de quebrá-los durante - ou lente - e teria a chance de perdê-las no meio?

E ontem, dia 20 de agosto de 2010, recebi o melhor presente que poderia ter recebido até hoje. Sem exageros... E não é pelo valor do procedimento, bem longe disso. A partir de ontem, eu não preciso mais de um par de lentes para enxergar.

Ao sair da cirurgia, eu olhava tudo em volta. Tudo parecia diferente. Eu estava bobo... As pessoas me perguntavam se eu estava bem, e eu nem sabia o que responder. "Estar bem" era um conceito bem aquém do que eu sentia naquela hora. Eu olhava tudo em volta... Ainda com dificuldades de ler as coisas, eu conseguia ver longe, enxergar pessoas... Aos poucos, passava a ver melhor. Era inacreditável. Aliás, ainda é. Mas, na hora, eu fiquei em êxtase.

Minha mãe, que me acompanhou, se acabou de chorar de felicidade. Eu não chorei, mas foi equivalente. De fato voltei a ser criança por algumas horas. Quando voltávamos, eu olhei para a placa de rua e li "Visconde de Guarapuava". Demos risadas juntos, uma risada gostosa, leve, alegre, como se algo inacreditável acontecesse.

Certa hora, olhei para os prédios e disse à minha mãe que "agora eu conseguia ver as janelinhas". Segundo ela, eu disse exatamente a mesma coisa quando da primeira vez que usei óculos. Mas agora os tirava, a emoção era em dobro...

Eu sei que, lendo assim, parece exagero. Eu não era cego, afinal! Mas foi algo forte, realmente muito forte pra mim, pra minha família...

Ontem, quando fui para o banho, eu finalmente consegui me enxergar no espelho - menos embaçado. Eu não parava de sorrir, de rir... Eu enxergava o shampoo, o sabonete, o detalhe no azulejo... Eu enxergava tudo. Eu pulei - literalmente - de alegria, em frente ao espelho. Pulei feito uma criança. Eu me observava... Me sentia bem, até mais bonito (pff..). É incrível... Eu nasci de volta - e dane-se se pra você isso soa exagero!

Meu aniversário é daqui a 3 dias. Por insistência dos meus pais, foram eles quem pagaram a minha cirurgia. Daí, interpreto a cirurgia como um presente deles. Ou melhor, como O presente. O melhor presente que já recebi até hoje - e com grandes chances de encabeçar a lista para o resto dos meus dias. Ainda em êxtase, eufórico e contente, agradeço a todos que me mandaram boas energias - elas com certeza fizeram e fazem a diferença! Agora, vou ali voltar para a minha recuperação - que envolve não ficar no computador por muito tempo! Um grande, grande abraço, e ponto.

2 comentários:

  1. Bom, as garotas do Leblon nunca olharam pra vc, anyway...hahhahaa
    Nossa, fiquei muito feliz de saber q ficou td bem! =D
    Mandei msg pra vc ontem pq tive uma leve desconfiança sobre seu niver estar chegando...hehe
    Vai guardar os óculos q eu remendei ou já jogou fora?
    Beijooss!

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  2. Também passei pelo lasik e sei exatamente o que ele representa na vida daqueles que, definitivamente, não gostam de óculos de grau. Sim, porque agora podemos usar oculos escuros sem grau! Qualquer um! Ir a uma loja, experimenta-los, conseguir se enxergar com todos eles e pagar e sair usando é indescritivel.
    Parabéns pelos novos olhos!
    Seja bem vindo de volta!

    Beijos!!!!!!

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