segunda-feira, 24 de maio de 2010

E eu fui pro SIV!

Depois de 10 meses de espera, sadias mudanças de planos e a feliz coincidência da nossa agenda com a agenda do Pedro (isso, o São Pedro), finalmente aconteceu o dito cujo: fui pro tal do SIV, pra entender melhor aquele monte de pano em que confio a minha vida nos fins de semana. E não é que o monte de pano é batuta?!

Pra quem não sabe, o SIV - Simulação de Incidentes em Voo - é um curso feito para aprimorarmos nossas técnicas de pilotagem e conhecer melhor o parapente. Vamos para cima da água (de uma represa, por exemplo) e simulamos situações adversas do voo, e como poderíamos sair delas.

Sexta-feira foi um dia corrido. Com o lançamento previsto do site de um cliente, não tinha muito tempo a perder: precisava agilizar tudo pois às 15h30 nos encontraríamos na casa do Nick, da Nick Fly, para carregar o carro e tocar viagem. Vencido o primeiro desafio (o site foi pro ar!), fui-me em direção à primeira aventura do fim de semana: a viagem. Afinal, fomos de Kombi!


O destino era Mairiporã, uma cidade próxima à capital de São Paulo. E oito animados passageiros (Rodrigo, Deise, Carolzinha, Ivo, Rodrigo, Jackie, Jander e eu), quatro equipamentos e meio, quatro câmeras filmadoras e várias digitais pequenas, elma chips a torto e a direito, muita ansiedade, e aquela velha pitada de falta de noção, marcaram a nossa ida.

Acontece que o nosso motorista por força maior Nick estava acostumado com seu Cherokee, que possui o mostrador do combustível invertido em relação à Kombi. Ele estava completamente despreocupado quando paramos para abastecer logo na saída, "só pra encher esse tantinho falta!". O tantinho fechou totalizou 32 litros, e um frio na barriga para todos nós pela "quase ficada" na estrada (o carro estava na reserva!!).

Mas parece que gostamos da reserva. Seguimos viagem e paramos novamente num posto, na metade do caminho, para colocar álcool. Estávamos com o ponteiro lá no vermelhinho, e o posto veio a calhar. Paramos, e o frentista nos informou que tinha apenas gasolina. Não quisemos, afinal álcool seria mais em conta. Nos foi passada a informação de que a 40km havia um novo posto, e o Nick buscou de seus consultores oficiais (eu e o Rodrigo) a resposta para a velha pergunta: "será que vai dar??". "Claro que dá!", respondemos animados! E fomos pra frente...

O legal foi que o posto realmente estava lá, a quase 40km. O problema é que ele não estava aberto, e tivemos que passar reto. Aos poucos, o silêncio tomou conta do carro. Quem dormia acordou, quem estava acordado ficou ainda mais pilhado. A cada metro que a Kombi andava aumentava a tensão e o silêncio. Pra ser sincero, a única coisa que descia nesta hora era mesmo o ponteiro do combustível, que já chegava no limite. Não havia mais acostamento, e estávamos subindo a serra. Não era exatamente a melhor situação para ficar sem combustível, e todos nós sabíamos disso. E é claro que ninguém quis falar nada!

E, de repente, a visão do paraíso. Como que acompanhada de vozes de um coro de igreja (fazendo OHHHHHH), a placa do posto apareceu e entramos. Chegamos, respiramos, e ficamos satisfeitos com a nossa previsão - afinal, estávamos no posto! E a exatos 2 metros da bomba, "pof pof pof"... a Kombi morreu. Em princípio, pensamos que o Nick estava bricando conosco, mas não estava: o combustível tinha realmente terminado ali, exatamente em frente à bomba! Caímos na gargalhada, e este foi exatamente o clima com que continuamos a viagem: gargalhadas e mais gargalhadas...

Já na Russolândia, hotel/marina em que ficamos hospedados, encontramos com o Kurt. Passava das 2h da manhã, e resolvemos que às 6h nos encontraríamos para começar o briefing. É mole ou quer mais?!

Fomos para o quarto e as surpresas continuavam. Eu, Ivo e Jander - o cinegrafista - ficamos no mesmo quarto, e o chuveiro deste tinha um pequeno problema: o ralo estava entupido de areia. O chuveiro era fantástico, água quente e muita pressão, mas não bastavam dois minutos de água caindo para que o box inundasse. E o pior: depois do box, vinha o banheiro!! Eu, como era de se esperar, inundei o banheiro logo de cara, fazendo uso do oportuno rodo deixado atrás da porta...

E o despertador tocou, e fomos ao curso. Foi muito legal ver o Kurt, que considero uma referência de pilotagem de parapente em termos nacionais, ali na nossa frente falando um pouco sobre o voo e sobre tudo. É interessante ver que o "cara" que escreveu um livro que você já leu realmente existe! rs...

(Apesar da admiração, meu "bom humor" matinal esteve presente até o café. Só pra deixar registrado!)

E fomos ao curso... Sobre o curso, em si, teremos vários vídeos que postarei aqui à medida que aparecerem. Sei dizer que a experiência foi incrível, e valeu mesmo cada centavo pago. Ganhei muita segurança em manobras como o espiral, que até hoje nunca tinha encaixado realmente, e o full stall, uma manobra que desmonta seu parapente lá em cima - e te faz rezar para que ele reabra. :- )

O Nick foi mais para tentar retomar algumas manobras mais avançadas, já que tempos atrás ele era piloto acro, e se contentou com apenas dois voos. A Carolzinha fez quatro voos, mandando inclusive espirais e iniciando o treino para o Wingover. O Ivo foi cabra macho e também mandou dois full stalls de dar gosto! Claudinho foi que foi no espiral, aproveitando o último voo pra encaixar direitinho e treinar a saída sem pêndulo. O Rodrigo também aproveitou para praticar a espiral, e quando falo isso nem preciso falar que o resto das manobras saíram numa boa! E o Jander, nosso cinegrafista oficial, foi até nos barquinhos de resgate para pegar todos os ângulos. Os vídeos, de certo, ficarão fantásticos. Mas estes vocês terão de esperar...

Sobre o curso, acho que vale comentar o quão satisfeito ficamos com a estrutura do Kurt. Incrivelmente bem organizado, passamos o curso sem qualquer stress. Fizemos muitas decolagens em cada dia, mas tudo ágil - não apressado. Uma tenda garantiu nossa sombra enquanto descansávamos, e frutas e água fizeram com que ficássamos tranquilos. Isso tudo somado ao visual da represa, às companhias muito bem "selecionadas", e ao "barranco" perfeito formado na área de decolagem, fizeram do SIV uma das experiências mais divertidas que já tive me termos de voo.

Não tenho qualquer pretensão de abandonar a carenagem e o voo de cross. Mas vou confessar que toda aquela força G desperta uma criança muito da apimentada dentro de nós! he he he he he... Um forte abraço, e ponto!

Um comentário:

  1. Fantástico Henrique o relato não poderia ser melhor e mais detalhado heheheh, parabéns e bons voos. - Nick - Nick Fly Escola de Parapente

    ResponderExcluir