sábado, 7 de novembro de 2009

Entre as perdas do ganha-tempo


Se cada louco tem a sua mania, podemos então julgar felizes os que, como poucos, dedicam parte do seu dia a admirar tais insanos e insanidades. E eu, que já há cerca de dois meses estou sem carro, tenho realmente dedicado um tempo considerável para isso!

Ainda que por vezes pegue uma carona, ou use um carro emprestado, a idéia de estar sem carro é muito interessante. O mundo passa mais devagar. A vida também, por conseqüência. Aqui de fora, enxergo as pessoas dentro dos carros sempre com as mesmas caras: ou estão estressadas com o trânsito, ou estão distraídas com música. Ninguém está vivendo ali dentro; poderíamos quase dizer que o carro é realmente um momento de trânsito, no qual transitamos entre dois momentos da vida. Deixamos de viver quando estamos dentro dele. Viramos vegetais, e voltamos a viver quando chegamos ao local de destino. Ou vá dizer que você nunca saiu a pé para comprar pão e finalmente reparou que a vizinha pintou a casa de outra cor - ainda que isso já fizesse três meses?!

Vegetais. E você cansa, e muda! E fora o fato de que todos te olham desconfiados, ir e voltar dos lugares caminhando, pedalando ou de qualquer outra forma (à exceção do teletransporte, este não agregaria muito!), você passa a ver as coisas ao seu redor com outros olhos. Bem dizer, poderíamos dizer que simplesmente passamos a ver as coisas ao nosso redor!

E às vezes dá um pouco de receio deste ritmo frenético em que todo mundo está vivendo... Quanto tempo, por exemplo, será que perdemos dentro do carro? Será que aproveitaríamos ele melhor se não estivéssemos dirigindo de um lado para o outro? Não sei. Acho que nunca vou saber. Mas, daqui de fora, a impressão que tenho é que quem dirige sai perdendo.

Hoje, por exemplo, passei por um local onde haviam muitas mulheres fantasiadas e gritando algo; quando um carro passou, elas gritavam em uníssono e ritmadamente "um real! um real! um real!". Passei de bicicleta, e dei risada. E sedimentei meu ponto: se tivesse de carro, neste caso, teria perdido um real! haha :- ) Abraços, e ponto.

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