sexta-feira, 12 de março de 2010

Os mundos de Einstein


Entrei no ônibus e olhei para o adesivo no vidro, a fim de conferir a tarifa. R$2,20. Ante os R$0,65 que pagávamos há 15 anos, a tarifa teve um re-ajuste razoável. Retirei o dinheiro do bolso e olhei para o cobrador. Uma catraca com um X vermelho, grande, feito de LEDs, sinalizada o bloqueio da passagem. No lugar da cara do cobrador, um sorridente painel com outro LED, desta vez destes preto e verde, indicavam o horário. Hesitei por alguns segundos, até entender que o motorista, agora, é quem faz a cobrança dos ônibus.

- "Ué! Isso mudou faz tempo?"
- "Como assim mudou?"
- "A cobrança! A falta de cobrador! Isso faz tempo?"
- "Nossa! Muito tempo!!"

Com a sensação de que estava no mundo errado, paguei ao motorista que liberou a catraca. Legal, estamos evoluindo!

Ou seria "estão" evoluindo? A sensação estranha de que a realidade está mudada e eu nem percebi inevitavelmente tomou conta do meu cérebro por alguns minutos. Afinal, olhe em volta. Quantas coisas mudaram sem que nos déssemos conta?! À minha volta, cada vez mais, percebo que muito mudou...

Ao descer do ônibus, apertei o botão e o ônibus parou. Criaram um novo ponto, mais longe de casa, e eu desci no ponto errado. Caminhei uma quadra a mais...

A realidade à minha volta mudou, evoluiu, é fato. E parece, às vezes, que o tempo nos atropela, e tudo muda sem conseguirmos sequer acompanhar as mudanças. O mundo não para mesmo; é como se ele seguisse alguma regra de nunca parar, mesmo que paremos de olhar pra ele... Dá até pra se sentir envelhecendo por isso...

Mas resolvi olhar de outro ponto de vista. Resolvi pensar que não foi, na verdade, a realidade que mudou. Foi a minha realidade que mudou. O que não faz parte da minha própria realidade, do meu próprio mundo, não faz parte do que eu poderia acompanhar mesmo. E sei que muitos pensam assim também, consciente ou inconscientemente.

Inevitavelmente, então, me parece que criamos - cada um de nós - nosso próprio mundo. Mundos paralelos. Como a 4ª dimensão de Einstein, que dizia exatamente isso: realidades paralelas. Talvez ela não fosse sobre o tempo por ele mesmo; talvez, ela pudesse ser pelo "nosso" tempo, o tempo de cada um, aplicado à realidade de cada um. Um mundo a cada tempo. Uma pessoa em cada dimensão. ponto.

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