segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sob a lua

A lua. Quem criou o Lobisomem foi de certo um poeta, ao perceber que a lua cheia exercia mesmo certa magia nas pessoas. É fato que a magia era de encanto, mas o poeta precisava era de um conto de terror. Uniu o útil ao agradável. Criou o Lobisomem. E assustou com a lua cheia.


Mas a lua cheia não cria lobisomens. Ela simplesmente hipnotiza seres comuns, como eu ou você - assumindo ao dizer "comum" que seu closet não guarda nenhum grande esqueleto, é claro. E ela fascina também, a ponto de que podemos passar horas e horas a observando, sem qualquer pretensão de um dia tocá-la, e ainda assim ficarmos lá.

De fato, tocá-la seria chato. Creio mesmo que o fato de ela ser intocável pela maioria de nós é que a torna tão fascinante... Mas como? Como pode algo tão misterioso, que por fim se torna tão belo?! Como pode ela existir, e manter-se lá, para que nós a observemos mês após mês?

Talvez - apenas talvez - seja mesmo da nossa índole, nos encantarmos pelo que é intocável; talvez o que podemos alcançar não tenha o mesmo gosto quando alcançamos; talvez o que podemos tocar não tenha mesmo a textura que pensávamos. Talvez precisemos disso: precisemos de algo impossível, para lembrarmo-nos do nosso lugar. Assim, saberemos sempre que há algo que ainda não conseguimos alcançar, e nunca pararemos de caminhar.

Amanhã é lua cheia. Hoje ela está se preparando. A maquiagem ainda não acabou. Não importa. Me pus a observá-la. E lá fiquei. Sozinho. No escuro. No claro. Sob a lua. ponto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário