segunda-feira, 8 de março de 2010

Deu saudade

Quando eu era criança, eu ficava com bigode de leite. De suco também, ou de nescau. Qualquer coisa que estivesse dentro de um copo e fosse, pelas minhas mãos ou mãos dos meus pais, levado à minha boca, me deixaria com um bigode - ao menos no cantinho dos lábios. E eu não tenho certeza de quando, ou como, mas houve um determinado momento na minha história em que eu passei a cuidar mais com isso. Talvez abrir mais a boca fosse o "como", e a reversão do ódio pelo interesse nas garotas fosse o "quando". Não sei. Sei que, sem me dar conta, fui deixando minha infância pra trás...

Mas, afinal, infância... Não sei você, mas eu, quando eu penso em infância, penso em brincadeiras bobas, risos sinceros, desprendimento da aparência... E, pensando por este lado, a infância até que não era ruim, era?! Se pensar bem, aprendemos bem cedo a rir de tudo; crianças são felizes! É verdade, elas choram também. Mas crianças não têm medo de dizer que estão explodindo de felicidade... Elas expõe isso, e com todo o gosto do mundo!

E daí me pergunto onde foi que deixamos tudo isso... Pra onde foi o desprendimento com a aparência dos amigos?! O que será que aconteceu com a graça de fazer um jacaré na areia da praia, ou um buraco fundo o suficiente que encontrasse água? Pra onde foi o encanto de fazer um paraquedas com semente de sombreiro e saco de lixo, jogá-lo bem forte para cima, e correr atrás de onde ele caísse?

Não sei. Sei que, hoje, fiquei com bigode de leite gelado, e por um ínfimo momento voltei à época em que jamais conseguiria abrir a boca o suficiente para beber algo sem ficar sujo. E, por aquele ínfimo momento, deu saudades de rir de bobo, de rir de alegre, de rir feito criança... Abraços, e ponto.

Um comentário:

  1. Eu me considero uma criança crescida. Quer coisa melhor na vida que brincar e ser feliz?

    Abraços!
    Rodrigo Stulzer
    transpirando.com

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