terça-feira, 23 de março de 2010

Entre a chuva e a razão

Pisei forte, mas a água não espirrou: ela veio de encontro ao meu corpo, com garras abertas feito parasita. Minhas roupas se molharam, e de cima veio a chuva, no mesmo instante. Estou agora escorrendo, e ficando ligeiramente cego com a água que cai. A chuva parece se intensificar, mas não parece molhar os outros. Olho ao redor e está sol, mas onde piso está molhado. Olho no espelho e estou molhado.

O frio começa a tomar conta do meu corpo, lentamente. Sinto que estou adoecendo, sinto que aquela chuva não me causa mais apenas diversão e intriga. Sinto que ela me causa uma insegurança agora, pelo que ela pode trazer. Estou ansioso, mas não vejo o fim. Estou cauteloso, mas nem meus passos rápidos não conseguem fugir.

Tento correr mas só faço correr na direção da chuva maior. Tento voltar e não vejo o caminho. Há uma voz me dizendo que mantenha a calma, mas não consigo. Eu sei do que está por vir, e estou preocupado...

Pisei brusco, mas a água não se espalhou: ela se apossou do meu corpo. E de cima veio a chuva, no mesmo instante. Estou molhado, e já não sei se seco quando parar chover. Não sei se quero que pare de chover. Não sei se, de algo, ainda sei. ponto.

Um comentário:

  1. Me encanta a maneira como escreve...
    Você brinca sutilmente com as palavras conseguindo levar o leitor a imaginar perfeitamente o que se passa dentro da sua cabeça!
    Ass:Sua leitora nº01 : )

    ResponderExcluir