segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Apanhei, mas continuei correndo!


Acordei às 4h da manhã e as palavras que passavam pela minha cabeça não eram das melhores. De fato, já que este blog pode ser lido durante todos os horários do dia, tais palavras sequer poderiam compor esta página: ela seria censurada! Mas eu devia acordar. Logo mais passaria, perto de casa, a van que nos levaria até Piraquara, onde largaria a 5a. Corrida de Revezamento das Nascentes do Iguaçu rumo ao Bosque São Cristóvão, em Santa Felicidade. E aí, é mole ou quer mais?

Foram pouco mais de 90km debaixo de muito, mas muito sol, os quais percorremos - boa parte dentro da van, é claro - com muita, mas muita diversão! Se tiver paciência, o relato está fiel à realidade por nós vivida!

No primeiro trecho ainda estava um pouco frio, devido à serração, mas ainda assim largamos num ritmo modesto. Segundo o Luiz, ele ficou em último na largada! Aos poucos fomos ganhando ritmo (quando encontramos o Luiz ele já estava longe do último!), e a adrenalina da prova foi aumentando para a nossa equipe.

Algo curioso desta prova é que não há apoio durante os trechos, nem sequer hidratação. A equipe, de 10 pessoas, é responsável por tudo isso - e "ai" de quem jogar lixo no meio do caminho: a penalidade é de 15 minutos no tempo total! Acompanhamos então todos os atletas durante toda a corrida - e por isso o clima de união é inigualável.

"Largamos" na frente e aguardamos no km 4, corremos um pouco para entregar água ao Luiz (atleta 1), e voltamos para a van para encontrá-lo novamente no km 8. Depois, só no posto de troca.

Durante este trecho, chegamos à conclusão que aquele trecho devia ser um dos difíceis, pois haviam muitas subidas nele. No terceiro trecho mudamos nossa opinião, e desistimos de pensar que haveriam trechos fáceis. A prova foi uma montanha-russa sem fim, não houveram trechos planos ou fáceis!

O trecho 2 foi um dos longos, e puxei o Paulo ao final dos 13km (últimos 200m). Ele estava bem inteiro, e a adrena só aumentava para nós! E que bom que havia adrenalina, pois o trecho 3, obrigatório que fosse uma das mulheres (nas equipes mistas), foi um dos mais díficeis (na nossa opinião). A cada curva que fazíamos (dentro da van) todos torciam o nariz como quem diz "car!%#$%@!!!!!!". Mas a Natalie correu firme e forte!

Peguei a pulseira (já com o suor acumulado de três corredores) e sai correndo bem determinado! O sol já começara a judiar da Natalie, e dali pra frente só piorou. Competição assim sempre me adrena, e eu ainda achei que meu trecho tinha 12, e não 10km! Ainda assim, fui no meu ritmo normal/forte, e segui caminho super determinado. Venci a primeira subida longa, em terreno de chão, gritando "Rocky Balboa!!!" para a câmera. Era nossa equipe, e - claro - nossa determinação! Apanha mas continua lutando, cai mas luta de joelhos!

Pegamos um pouco de asfalto e passei pela casa de um "tio", o tio Mileck. Não os vi, acho que não estavam em casa (ou não saíram mesmo, deviam estar vendo TV ou almoçando hehe), mas foi legal a sensação de ter "mais alguém conhecido por ali". Distraiu-me por um ou dois minutos, até que a estrada de terra começou novamente.

Inevitavelmente, debaixo de tanto sol, quebrei e andei em 3 subidas no total do percuso. Ainda assim, fechei os 10km em 51 alto, tempo que considerei bom para aquele sol infernal! De qualquer forma, só fechei bem porque, a partir da "segunda quebra", a Natalie (sim, a do trecho 3) veio de anjo e me puxou até o final!

Minha pulseira foi para o Marcus, que correu firme mas sentiu o joelho no finalzinho. A Natalie o puxou no último km também! Nesta, o motorista, seu Ronaldo, soltou a máxima do dia: "Po, mas se não fosse as mulheres nessa equipe aqui, os homens tavam tudo lascado, hein?!". Nesta hora, proibimos a Natalie de fazer anjo para os próximos corredores: nossa moral já estava muito baixa! rsrs

E então assumiu a Mayara, nosso sexto elemento! Com todo aquele sol na cabeça, era de se esperar que nosso desempenho caísse um pouco. Com a Mayara não foi diferente; aliás, pra quem correu de Nike Shox e segurando um relógio que não tem mais pulseira, ela foi mesmo super bem! Eu e o Luiz demos um apoio para ela durante o percurso, e lá chegamos novamente ao posto de troca!

Nosso fator de medida eram sempre as outras equipes. Medíamos quantos havíamos passado, e quantos haviam nos passado. Interessante é ver que, mesmo caminhando, todos nós passamos pelo menos 1 corredor durante nossos trechos. É sinal de que estava difícil para todos, certo?!

A Mayara entregou a pulseira para o Leo, que sofrou tanto quanto eu com o sol. Numa hora em que eu estava correndo com ele, ele me disse estar levemente tonto. "Se tontear mais, avise que eu te carrego", eu disse pra descontrair! E a risada até que rendeu mais alguns metros de corrida a ele, e assim fomos até o final. Ele pegou uma subida que realmente não acabava mais...

Não acabava mas acabou, e o Samuel - CUnhado do Leo - assumiu a bronca. Pense que a pulseira, de algodão, já estava indo para o 8o. elemento. Pense que estava sol. Pense que todos nós suamos. Agora pense que um de nós estava com a gripe suína!!!!!!! Não, brincadeira, acho que ninguém estava : -)

O Samuel fez um trajeto árduo, e para nós (dentro da van) pareceu nunca acabar. Neste trecho, todos nós que já havíamos corrido demos uma boa lesada. Numa hora, balancei a cabeça para não dormir/desmair e olhei para a May (que estava do meu lado); ela estava virando os olhos de sono e cansaço também... Pelo menos não era só eu! hehe.. Mas nossos últimos corredores estavam firmes e fortes.

O namorado da Ana, a 9a. corredora, nos acompanhou a partir de certo trecho. Legal foi que ela, quando pegou a meleca, digo, pulseira, tocou o barco e deixou todo mundo pra trás - van, concorrentes e até o namorado! Ela pegou um trecho apelidado de "Serrinha". Pensou?! O resto foi até fácil perto deste!!

No posto de troca dela, fomos buscar água numa casa - a nossa estava acabando. Fato para lembrar: levamos cerca de 12l de água. Foi pouco. Devíamos ter levado 20!

A água que pegamos estava tão gelada que renovou o espírito de todos nós! Também, o pique demonstrado da Ana confirmou a profecia do seu Ronaldo: não fossem as nossas mulheres, estaríamos mesmo ferrados!!!!!

Sem andar sequer 2 metros, a Ana entregou - já de volta no asfalto - a pulseira para o Caio. Aliás, o Caio foi um elemento muito interessante. Um japonês um tanto quieto, mas de extremo bom humor - ao menos para levar na esportiva nossas brincadeiras. Ficou quase a prova inteira no canto dele, concentrado, pensando... Em determinada altura, o apelidamos Super Trunfo. Ele era nossa carta-surpresa, com poderes suficientes para acabar com todos! hehehe...

Mas não é que foi?! O japonês deve ter mandado um 4:30min/km em boa parte do seu trecho, de 6km, e nós festejávamos na van! A subida da estrada do Cerne marcou o trecho final da prova, e eu corri um pouco em Santa Felicidade com ele. Quando faltavam cerca de 600m, resolvi me juntar novamente ao japonês. A Natalie já estava correndo com ele (pensa numa mulher que corre, hein?!), e quando eu e a Ana chegamos foi uma energia muito legal! Soltamos alguns gritos de força e aumentamos o ritmo! Com 300m, juntamos todos para cruzar a linha. E daí foi só correr pra alegria!!

Terminamos a prova num total de 8h37, um tempo muito bom perante o sol que não ajudou em nada. O nosso 80o. lugar geral, de 120, fez-nos confirmar que de fato "não havíamos ido tão mal". Algumas equipes nem sequer chegaram a finalizar a prova a tempo!

Mas o que importou de tudo isso não foi a corrida, o quanto corremos, o quanto ganhamos ou o quanto perdemos. Desde o mau humor das 4h da manhã até o banho e cama, às 19h, tudo, tudo mesmo, valeu muito a pena! A adrenalina do começo, o nervosismo do posto de troca, o esforço do trecho percorrido, a fadiga do pós-corrida, a quase falta de água, a alimentação macrobiótica da Natalie (que escovou os dentes com chá durante o percurso), o Paulo revelando ser urologista sem o menor constrangimento (até agora não entendi!), a energia do Leo em coordenar a equipe, a garra do Samuel de continuar lutando no seu trecho, o Marcus correndo com dor mas sem dó, a Mayara com seu Nike Shox (haha), a Ana sedimentando o poder feminino da nossa equipe, o Luiz correndo 12km como se fossem 3, a van que me levaria pra casa me abandonando no final e o Caio revelando força 12, velocidade 12 e garra 13 (no melhor estilo Super Trunfo de ser)... Não houve nada, nada, que pudesse ser melhor na nossa equipe. Foi tudo um show, um show que - de certo - cada equipe curtiu consigo mesma. Não foi uma prova para os outros. Para nós, da Rocky Balboa, foi uma prova para nós. Foi um dia divertidíssimo, uma união fantástica, e uma sede de quero mais! Aliás, quero mesmo! Só deixa eu descansar alguns dias... : -) Abraços, e ponto!

Fotos: www.corredorescuritiba.com.br e Júnior (da comunidade CRC)

2 comentários:

  1. Adorei tudo o que foi escrito, e assino embaixo!
    Realmente foi inesquecível.. e eu também faria tudo, tuuudo de novo!!
    Um beijo a todos!
    Dááá-lhe Rocky!!!!!!

    Natalie.

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  2. Muito legal Henrique!!

    Da próxima quero participar!

    Abraços!

    Rodrigo Stulzer
    transpirando.com

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