sábado, 24 de março de 2012

No ringue da vida

Subi no ringue pra aprender uma lição. Com 3 meses de treino, o Muay Thai já não lhe parece grego e você começa até a dar algumas dicas para os que são mais iniciantes do que você. E meu professor olhou com um olhar de "quer experimentar?". Não recusei. Nem hesitei, pra ser sincero... Mas não, é claro que eu não estava nem perto de preparado, mas não recusar as coisas que não podem te matar é mais ou menos como um mantra que tenho seguido ultimamente.

A verdade é que não podemos julgar nada que ainda não experimentamos. Por isso, era preciso experimentar - mesmo com todos os pré-conceitos que tenho em relação à luta em si. E lá fui... Com proteção das canelas à cabeça, "pode pegar" gritou o professor... Fui de leve, ainda não tinha entendido... E o barulho foi de estremecer!

Quando um soco de verdade bate em você, o barulho é assustador. Mas não é que doa; na realidade, dói muito pouco... Uma topada na quina da mesa dói muito mais, por exemplo... Um soco de boxe, ou um chute - contanto que com caneleira ou protetor no alvo do chute - não dói quase nada... Mas o barulho te deixa, de certa forma, meio burro...

Depois de alguns confrontos, com alguns socos dados, alguns chutes dados, e muita porrada tomada, eu não via mais sentido em continuar e disse que, pra mim, tinha dado. Não saí cambaleando nem machucado... A verdade é que - pude constatar - meu corpo está muito forte pra apanhar e se manter em pé. Mas a minha cabeça não estava pronta para tomar aquela sequência de golpes e continuar pensando, nem meu corpo estava pronto para reagir naquela velocidade... "Muito rápido", eu dizia pro meu treinador... "É muito rápido!"

Mas foi interessante. Ali, percebi que não basta saber dar um chute ou dar um soco... Dar um golpe é fácil quando a guarda está baixa... O difícil é perceber que se faz necessário reagir com um golpe ainda mais forte quando a vida está te dando porrada - ou melhor, uma sequência inteira de golpes! A verdade é que, sem o treinador parando a luta quando ela ficava muito intensa, eu teria apanhado até cambalear e cair - com certeza! O outro atleta era muito mais rápido e experiente, e eu... Bem, quanto mais eu apanhava, mais perdido eu ficava...

Percebi que tenho, sim, um ponto fraco... Eu já apanhei muito, já caí muito, e sempre me levantei... Mas percebi, ali, no ringue, ouvindo estrondos vindo do meu próprio corpo quando a luva batia nele, que às vezes é preciso reagir mais rápido. E que nem sempre haverá um treinador para separar a luta. E que nem sempre os protetores estariam lá. E que nem sempre você estará preparado naquele momento, mas que desistir pode te privar de coisas muito mais legais!

O que aprendi, ali, em poucos segundos, foi que o muay thai não é nada diferente da vida aos nos dar três opções: você pode nem treinar e, alienado à "adrenalina", você será feliz por não saber que ela existe. Ou você pode treinar mas não lutar, por medo de se machucar, e viver aquela vida morna conformada de quem não arrisca bater porque, eventualmente, vai apanhar e não saberá absorver os golpes. Ou você pode subir no ringue. Ali, só existem duas garantias: você viverá os melhores momentos da sua vida, e eventualmente os piores também. Eu, apesar de não simpatizar nada com UFC e afins, me descubro cada vez mais como do terceiro time. Troco a segurança por tomar alguns golpes bem tomados. A recompensa compensa! E ponto.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Sobre amar

...no fim das contas, amar é fazer feliz. Ser feliz é outra coisa. Ver o outro feliz também é outra coisa. Amar significa, única e exclusivamente, fazer feliz. Isso justificaria ser sempre diferente (o amor), já que cada pessoa é feliz de um jeito diferente. E isso justificaria a decepção quando o outro não aceita nosso amor - afinal, ver o outro feliz nunca bastará se não for por consequência de algo que nós mesmos fizemos.

Sorte nossa que somos humanos, e vivemos de comida e emoção. Fosse só comida, seria morno. Fosse só emoção, seria breve. E que bom é lidar com tudo isso... E que decepção também, afinal! Corro os olhos na vida dos meus amigos com um pouco de alegria, vergonha e tristeza... Alguns se gabam por amar infinitamente, e outros se desesperam por não amar. Parece, daqui de fora, que desaprendemos a amar a nós mesmos, e que agora o importante é externar o que vivemos. Daqui, parece-me que estamos correndo desesperados, e nem sabemos pra onde. Parece que mudar o status do relacionamento virou mais importante do que o "pedido de namoro" em si (e, confesso, tenho memória fresca, de experiência própria, sobre isso). E parece que voltar o status para solteiro virou motivo pra ganhar "curtir" e dizer "festaaaaa". Na boa... Pra onde é que estamos caminhando? Po, põe um pouco de amor na sua vida (ou no seu samba...) e bora viver, que a vida tá passando!! Feliz dia dos namorados 1, abraços, e ponto.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

domingo, 15 de janeiro de 2012

Pra quem reclama que nunca viu!

Muita gente reclama nunca ter-me visto tocar violão... Na real, eu também nunca me vejo (de fora), e por isso também fico um pouco curioso... Quer dizer, o som do violão é muito diferente quando se está tocando em relação a quanto se está ouvindo...

E estava eu, cá com as 6 cordas, tocando, e resolvi gravar. O "ensaio" saiu sem erros, e a gravação cheia deles. Mas acho que é isso mesmo, certo?! Na teoria é tudo ótimo, e na prática é mais ou menos. (O Tom que me desculpe, onde quer que esteja...)

Então, segue meu - talvez primeiro e provável último - momento narcisista da história. E que saibam que isso tem mais a intenção de ser uma boa lembrança do que da autopromoção... Até porque teria que treinar muito pra que isso pudesse me promover de alguma forma rs... Abraços, e ponto.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Vamos contar pneus?

Cheguei em Pacatuba para um dia de voo comum. Bem, não bem comum... Estava em Fortaleza, finalmente atendendo a uma visita prometida há pelo menos 12 anos, já que se passam 13 desde que conheço a Gislene, e isso por si só ja tornava o dia incomum. Também, enquanto chovia no resto do país, lá fazia 30o.C já às 8h da manhã. Mas enfim, um bom dia comum de voo!

No "Bar do Pouso", entre aspas pois este é de fato o nome do local, esperávamos pelo Aluísio quando um garoto se aproximou. "Tatu", respondeu ele quando perguntei seu nome. Tatu era um menino pilhado. Perguntou com que parapente eu voava, e há quanto tempo eu estava na brincadeira. "5 anos", respondi... "E você, voa?". "Voo sim, há 8!", ele respondeu rindo. "Ué, mas quantos anos você tem?", perguntei bastante surpreso. "15!", ele me respondeu com orgulho na voz.

Ok, o dia já não era mais um dia típico... Aos poucos, me enturmei com o Tatu e o papo foi se desenrolando... Tatu é de Pacatuba mesmo, destes de coração bom que, esperamos, serão bons homens no futuro. E o papo fluia bem quando chegou o Bob, no mesmo estilo. De bicicleta e especulando sobre meu parapente, o papo melhorava.

Confesso que minhas capacidades linguísticas pareciam limitadas quando os dois se embrenhavam na conversa. Como que fosse gringo, entendia apenas metade dos papos, e por vezes levantava para olhar a condição, só para não parecer mau educado por deixar sem resposta algum comentário que eu não entendesse!

E, de repente, percebi que havia uma brincadeira entre os dois.

- 4 - disse o Tatu.
- Não, 5! Você se esqueceu do step! - retrucou o Bob.
- Ué, mas você tem certeza que o step tava lá? - treplicou Tatu e os dois caíram na risada...

E o papo continuou, comigo meio sem entender, até que passou um caminhão enorme. Os dois pararam concentrados. "1, 2, 3, 4, 5, 6, 7...", eu ouvia ambos sussurrando pra si.

- 14, soltou o Bob.
- Nada, 15!!
- É mesmo, 15! Então, 30!
- 30? - perguntei eu, querendo entender o que se passava.
- É, 30 pneus naquele caminhão! É que é assim... - e o Bob desenhou um caminhão no chão com uma vareta que segurava na mão enquanto me explicava... - ...daí, como tem dos dois lados, 30!

Aquela simplicidade toda, confesso, me deixou embasbacado. Contar pneus à beira da estrada... Olhei para o meu iPhone com desdém: ele não tem um joguinho para contar pneus. ponto.