segunda-feira, 25 de julho de 2011

XCerrado - O Assentamento do Mosquito

Estávamos no km 75 e buscávamos a próxima cidade no mapa. Ainda era cedo e o nosso terceiro dia de voo estava rendendo! "Arraial da alguma coisa", reportei no radio. "Mas são 25km pra frente", o Gauchito respondeu. "Então, 100km de novo! Bora!!" gritei empolgado. À nossa frente, a maior roubada que já vi em voo. Pareciam ser 25km de "nada"... Uma terra com escassez de casas e nada à vista - literalmente nada, nem a cidade-destino.

"Arraial da Barra é o nome da cidade", gritou o Raffa que vinha logo atrás, e tocamos. O voo da terça-feira não estava fácil. Por 2 vezes, e em momentos diferentes, já tínhamos ficado muito baixo - coisa de 50 metros do chão. O cerrado estava colaborando conosco, mas entrar na roubada em um dia com aquela inconsistência não foi - confesso - a melhor decisão que já tomei na vida.

Lá pelo km 80 havia um asfalto que ligava nada a coisa nenhuma, mas de certa forma ele nos passou a segurança que faltava para seguirmos viagem... O problema é que depois do asfalto uma sombra tomava conta do lugar, que também era muito verde. A paisagem aqui era bem diferente do cerrado que estávamos habituados... Um rio cortava o local de norte a sul, e isso tornava toda a vegetação muito verde e arborizada... As opções de pouso diminuíram, e a união fez a força: a sombra enorme, o verde e a falta de pouso formaram a roubada mais medonha que já passei!

Aliás, que não passei. O Gauchito passou alto por ali e foi-se embora, tal como o Raffa. Eu não tive a mesma "sorte", e fiquei logo depois do rio - no melhor pouso que encontrei, e do lado de dois carros estacionados. Eram 16h30, e ali começaria uma loonga história... Deveras, não lembro de ter me "divertido" tanto quanto neste episódio...

Comecei a caminhar quando um carro passou por mim. O carro estava cheio, mas ele aceitou me dar uma carona até a cooperativa. "Levar até Arraial não vai te refrescar nada, lá também não pega celular e não chega asfalto não! Ali na cooperativa já pega celular, acho que está bom!".

A cooperativa, depois fui saber, foi o início da reforma agrária no Brasil. Atualmente estava abandonada, tendo apenas o mercadinho do João funcionando e a casa própria dele. Escola, Igreja e mais duas construções completamente abandonadas, jogadas às traças... "Eles vieram, construíram tudo pra gente, mas não ensinaram a gente a administrar. Daí deu tudo errado mesmo", me explicou depois um dos caboclos que estavam ali...

Bem, cheguei e o celular não pegava. O João logo se prontificou: "Pode usar o meu, tem antena ali em casa e pega bem!". E lá fui eu usar. Peguei a posição do GPS e fui enviar uma mensagem, já que o meu resgate era a Margareth (celular do Rio Grande do Sul) e o interurbano sairia injustamente caro para o pessoal ali. "Falha no envio: sem crédito para enviar a mensagem", acusou o celular dele. Bacana... Tentei ligar a cobrar para o pessoal, também sem sucesso... Por fim, liguei pra casa dos meus pais, em Curitiba, a cobrar. Pedi à minha mãe que anotasse as coordenadas de GPS e ligasse para a Margareth, mãe do Gauchito, para passá-las. Liguei 10 minutos depois e estava tudo certo, coordenadas enviadas.

Aí já eram 17h30, e eu sentei aliviado no mercadinho para tomar alguma coisa com o pessoal. Ouvi muitas histórias ali sobre a região, sobre o assentamento do Mosquito e todo o resto. Também ouvi história sobre o Arraial da Barra, que na verdade era Buenolândia, em homenagem ao desbravador de Goiás que tentara fazer dali a primeira cidade do estado. Sem sucesso, acabou se definindo Goiás Velha como a principal cidade histórica da região...

"Aceita um biscoito? Está é a comida mais típica da região, toda mulher prendada aqui faz!", me ofereceu empolgado o Pedro, que tomava uma cerveja junto com o Maguila ali no mercadinho... O Pedro parecia ser um cara "estudado", era paulista mas trocara a vida em SP pela vida em Goiás... Foi através dele que fiquei sabendo de várias questões, e que tive uma explanação do histórico do assentamento do Mosquito e da região.

A rosquinha, de fato, era boa. Pedi a receita, mas levei uma invertida: "num dianta eu te passar não! só quem é daqui acerta o ponto...", o Pedro comentou. "Mas vai queijo que vocês chama de queijo de minas (e me explicou como se faz o queijo), polvilho que a gente chama de polvilho azedo (e me explicou como se faz o polvilho azedo) e ovo.", completou o Maguila...

Maguila era um cara mais simples; parecia não ter estudo, mas parecia entender muito de tudo que ele podia. De fato, não falava bonito e a aparência era de "jagunço", mas ele tinha vários negócios na fazenda dele... Queijo, leite, gado...

Mas passou uma hora e eu não tinha nem notícias deles. A luz começou a baixar, os morcegos começaram a voar em volta de nós, e nada de ninguém dar sinal de vida... O João mandou a mulher dele ir para o culto sozinho: não poderia me deixar lá abandonado!

E foi do Maguila a idéia de irmos até a casa do Valdivino: "O celular dele é Claro, você pode colocar seu chip e tentar ligar para os seus amigos.". No caminho, ainda tentamos um "hot spot" de celulares Claro. "O pessoal que tem claro, às vezes, consegue falar daqui! Mas tem que subir nesta pedra aqui", falou o Maguila apontando uma pedra de 10cm de altura. Subi nela, e nada de sinal.

A caminhada continuou e foram 20 minutos bem caminhados. Imagine a cena: era um breu total, sem o menor sinal de luz elétrica em volta. Uma estrada ruim, por onde carros não passaríam, e apenas meu celular sendo usado como lanterna. Minhas coisas, inclusive carteira, ficaram no mercadinho do João, e eu estava caminhando para outro "nada" porque, em teoria, um rapaz tinha um celular Claro com antena de ganho. Por um breve momento fiquei até com receio...

Mas chegamos na porteira do Valdivino. "Daí a gente desce um pouco e eu chamo o Valdivino, porque os cachorros dele são bravos e ficam soltos no terreno.". Recuei. "Eita, agora fiquei com medo!", disse. "Nãão, pode ficar tranquilo"... E seguimos, sem muita tranquilidade mas sem muita opção também...

Avistamos finalmente a casa e o Maguila começou a chamar o Valdivino. "Ô Valdivino", gritava. E os cachorros gritavam do outro lado... E nada do homem aparecer... Até que o filho dele apareceu prendendo os cachorros... Com certo alívio, atravessamos mais um pequeno portão e chegamos no terreno da casa.

Estirado no quintal dos cachorros havia um crânio de boi, com sangue fresco ainda. Mais à frente, alguns ossos enormes... O cenário era, digamos, intrigante... Demos a volta na casa e o Valdivino, um rapaz de 40 e poucos anos, carneava um boi junto à família. "Programa de terça-feira", pensei... Enquanto ele tirava o sebo da carne, o filho brincava com os ossos, a mãe operava a moedora e a filha de uns 4 anos alcançava os bifes para a mãe. Família unida...

Ofereceram-me café. Na verdade, eu senti que todos estavam muito dispostos a ajudar com o que fosse... O filho do Valdivino me conduziu até dentro da casa, onde trocamos os chips e tentei contado com o pessoal. Eram 19h40, e eles já deviam estar no meio da roubada também - pois o celular deles é que não tinha sinal agora...

Desanimado, voltei à garagem onde o boi estava virando carne moída... "Senta aí, quer um café? Se você quiser, pode dormir aqui, tem cama aí!", exclamou o Valdivino. Eu, até agora, não tenho certeza se a sensação que senti ao ouvir aquilo era de alívio ou de vontade de dar risada mesmo. Qualquer que fosse, eu agradeci mas recusei! rs

Ficamos uns 10 minutos ali, e voltamos. "Pode ser que eles já estejam lá!", comentamos enquanto saíamos do terreno...

Assim que voltamos à cooperativa, meu rádio soou: "Henrique, Henrique, cadê você?", perguntava a Margareth. Como o radio que usamos no carro é mais forte, eu conseguia copiá-los mas não conseguia respondê-los. Aqui a ansiedade bateu forte. Já passava das 20h...

E as idéias começaram a surgir. "Sobe na cerca e tenta contato!", um disse. Subi na cerca, e nada. Ouvia, mas não respondia. "Vão até a igreja, que é mais alta!". A igreja, por sinal, era uma abandonada; seria um excelente cenário para a continuação da Bruxa de Blair, sem dúvidas!

"Bom, tem a caixa d'água!", argumentou o João. Quando eu olhei para ela, e avistei uma escadaria ao lado dela, pareceu que a vi iluminada e com trombetas ao redor. Era a salvação, eu subiria, conseguiria contato e seria aquela cena divertida!

Mas chegamos em baixo dela e o Maguila logo avisou: "não sobe muito, tem uns marinbondo ali no final da escada.". Bacana, hein?! Subi alguns degraus sem muita expectativa, e de fato não obtive retorno no radio. O João gritou lá do mercado: "Pode ficar tranquilo, queimamos tudo ontem! Está limpo!". E aí eu subi o primeiro lance de escadas...

E um receio bateu novamente: "e se essa escadaria cai?!". Não quis subir mais (até porque o segundo lance estava cheio de teias de aranha), e eu desci desanimado... Continuava copiando eles no rádio, mas nada de conseguir responder...

Isso se passou por cerca de 20 minutos, até que...

"Henrique, copia Guga?"
"Alo, na escuta?", respondi sem expectativas
"Alo, alo", respondeu o Gauchito. Hesitei, não sabia se era uma resposta ao meu contato.
"Alo, gauchito, na escuta?"
"Sim, na escuta!"
"Caaaaaaaaaara, não acredito que vocês me encontraram! Finalmente!!!", comemorava eu no radio. O pessoal ao redor foi contagiado e aquilo foi uma injeção de ânimo. Eles estavam pertíssimo.

Do outro lado, a reação não foi diferente. "Quem não acredita nisso somos nós!!!", falou o Gauchito... E o carro chegou, e aquilo era inacreditável!

Entrei no carro dizendo "vocês não acreditam na roubada que eu me enfiei!", e logo fui retrucado pelo João: "Acreditamos sim!" rs... E demos risada, e seguimos viagem...

O pessoal do resgate realmente foi muito legal, e sei que devo muito à Margareth e ao resto do povo por isso. Foi um total de 4h30 voando, e 4h na roubada. Quase "um pra um" rs...

Na volta, ainda tivemos um refresco aos olhos: fomos parar em Goiás Velha, uma cidade inteira tombada pelo patrimônio histórico. As ruas de pedra e casas sem quintal formavam um cenário belíssimo, que de certa forma refrescou tudo aquilo que havíamos passado havia pouco...

"E o voo? Bateu seu recorde de volta, pelo menos?", perguntou o Gauchito.
"Não bati nem 100km", respondi... "Deu 99,9km!".

Abraços, e ponto.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

XCerrado - Recorde atrás de recorde

O segundo dia foi ainda melhor. Na verdade, como no domingo eu pude comprovar que as coisas aqui "funcionam", resolvi arriscar mais e voar mais concentrado na segunda-feira. Eu estava achando que, na inteção de voarmos em grupo, acabamos nos atrapalhando muito. Resolvi, então, que cada um faria o seu voo. No fim das contas, voamos a maior parte do tempo juntos, e deu tudo muito certo!

O voo foi mais clássico; se no domingo demoramos 40 minutos para estar na base da nuvem, na segunda-feira estávamos lá em 5 minutos, e já tiramos. Deu até pra esquecer de olhar o chão, e logo que saímos já busquei a cidade em cuja direção estávamos indo. Itaguaru, 40 e poucos km. Pareceria ridículo em outro lugar, mas fez muito sentido colocar a cidade na proa e seguir em direção a ela. Não olhamos para baixo até chegar lá...

E chegamos rápido. Desta vez, o resgate estava nos acompanhando (grande Margareth, mãe do Gauchito), e já posicionei ela da próxima cidade. E fomos em tiradas muito consistentes e constantes...

Eu e o Gauchito voamos muito juntos neste voo, nos ajudando constantemente. Em Itaguaçu ficamos baixo, e ele encontrou o canhão que nos salvou. Outra hora eu estava à frente, e assim fomos. Foi uma das primeiras vezes em que realmente consegui voar em grupo, estávamos em sinergia e com muita vontade de tocar o voo. O objetivo era voar mais rápido...

Aos poucos, o dia foi passando, os kms aumentando e o voo seguindo. O voo realmente estava mais rápido, e de repente começou a se tornar inesquecível também... Estávamos embaixo de uma cloudstreet quando, em uma termal de 3m/s, entrei pra dentro da nuvem. A base dela estava a 3000, e eu estava no cantinho dela... Segui em direção ao cross, subindo a 1.5, 2m/s, até que saí ao lado... A paisagem foi de tirar o fôlego; à minha esquerda, havia outra nuvem cuja base estava uns 200m abaixo ainda... Eu estava acima das bases, observando tudo aquilo à minha volta... Foi sensacional, e bem no dia que eu esqueci a câmera...

Seguimos o voo, perdi o Gauchito de vista (ele acabou buscando algo mais ao lado e nos desgarramos) e toquei o resto do voo sozinho... Já estávamos no final do dia, e pouco mais de 80 kms voados... Com toda aquela altura, eu me dei conta que faria 100km naquele dia - o que era meu objetivo da viagem, afinal! Fiquei contente, mas continuei concentrado...

Nesta hora, alcançamos um Torck 2 vermelho que voava bastante acelerado... Voamos um pouco juntos mas ele seguir para Nazários, e eu optei por jogar no caudal e a proa seria Santa Bárbara de Goiás. Cheguei lá sozinho e com pouco mais de 95km, e pude vivenciar certamente a paisagem mais bela que já vi em toda a minha (curta) vida de voador... A cerca de 1500m do chão, eu girava uma bolhinha de 0.6m/s junto com dois urubus, que pareciam me acompanhar em câmera lenta... No horizonte, a cerca de 10km de mim, uma queimada enorme, como que de cana de açúcar, estourava até o céu e formava uma nuvem logo acima... O chão era verde em volta, e a cidade do outro lado... O sol estava a meia altura (já eram 17h), e a cena era sublime...

Curti um pouco aquele zerinho e ele acabou. Observei no GPS a próxima cidade: Campestre. 13km. E no meio um "Marlboro" sem saída... Arrisquei. Logo no começo desta tirada bati em um 0.9m/s que me deu 700m a mais de fôlego. Ali não tive mais nem dúvida, toquei direto para Campestre. E bati os 100km!

Comemorei no rádio, porque as alegrias a gente deve compartilhar com os amigos. Festejei, gritei, e segui o rumo. E caí na roubada com 109km.

Mas e daí?! Havia batido meu recorde, estava eufórico! Gritei, pulei mais um pouco, e então tratei de dobrar rapidamente meu equipamento. A preocupação agora era com a luz do dia. Eram 17h30, e eu estava a 3km de Campestre.

Em 15 minutos estava tudo guardado, e comecei a caminhar. Mas é claro que não existem estradas retas, e a caminhada rendeu exatos 6km (1 hora) até o asfalto. Cheguei exausto, acabado, e de noite. No fim da caminhada, eu já não enxergava nada. Filmei um pouco disso e postarei aqui quando editar...

Cheguei ali e contatei o pessoal. Eles ainda estavam buscando o Raffa, que tinha tomado outro rumo (pousou com 105km, acho) e só depois iriam me buscar. E o asfalto era escuro...

E não é que eu tenha medo de escuro, mas ficar no breu, na beira da estrada, e com um mato se mexendo quando era iluminado, não é exatamente a melhor sensação que já experimentei. Com 20 minutos de espera, joguei a mochila nas costas e resolvi caminhar mais 3 quilômetros e pouco até a cidade. Usei o celular como lanterna para iluminar meu caminho, e fui marchando...

Aí sim cheguei acabado. Parecia bêbado. As pernas não andavam mais retas. Avistei um bar na entrada (Stop Bar), fechado. Andei mais duas quadras e havia uma pamonharia e pastelaria. Estava aberta... Dei graças. Cheguei e sentei-me sob olhares assustados do pessoal que comia por ali. Pedi dois sucos e dois pastéis, que me custaram R$8. Os 8 reais mais bem gastos da viagem até então!

E ali esperei até 20h30, quando chegou o Gauchito, a Margareth, o Irani e o Raffa para me resgatar. Neste dia, chegamos à Jaraguá às 23h30, e eu estava acabado. O saldo do dia, além do recorde, das paisagens e "daquela" sensação foi uma bolha enorme no calcanhar direito e dois ombros pra lá de inflamados. Coloquei pra dentro um antiinflamatório e fui dormir. Afinal, terça-feira tinha mais. E teve mesmo! Abraços, e ponto.

Link do voo: http://www.xcbrasil.org/leonardo/flight/40085
Caminhada pra sair da roubada: http://www.linhadechegada.com/Interno/VisTreino.aspx?pid=1&id=24771

quarta-feira, 20 de julho de 2011

XCerrado - O paraíso do voo livre

Se nem as peripécias da viagem serviram para baixar o meu bom humor, então chegar em Jaraguá e rever os amigos foi o que precisava para elevá-lo ao máximo. Estamos no melhor hotel da cidade, e aqui está tudo muito bom. Meu colega de quarto, o Raffa, já estava por aqui quando cheguei. Tomei um banho e fomos à praça central comer algo e "olhar em volta".

A cidade é muito simpática, e lembra Araxá em alguns pontos - como as ruas, com árvores plantadas entre as duas pistas. Encontramos uma pizzaria e lá ficamos...

Nisso o Julinho, que já estava há uma semana na cidade, chegou. Ele carregava uma bolsa de couro de laptop, e já chegou falando "cara, tenho tudo planejado". E abriu a bolsa. Primeiro saiu um mapa com algumas rotas traçadas, e a previsão do tempo do CPTEC impressa... Depois, um laptop com modem 3G. E, por fim, um caderninho de anotações recheado de nomes de cidades, direções... Ele realmente tinha tudo planejado! E aquilo nos contagiou de forma que ficamos ambos ansiosos com o dia seguinte.

Ouvimos as histórias e a coisa só piorava... O Julinho conseguiu nos pilhar pra valer! rs... Pra nossa sorte, a pilha deu certo e o dia seguinte foi um dia fantástico.

Na verdade, o primeiro dia de voo foi um pouco perdido. Cada um ia para um lado, seguindo uma rota diferente, depois voltava... Enfim, parecia que estávamos todos eufóricos e ainda incrédulos com aquela condição. Neste dia, mesmo com a confusão, fomos muito longe. Eu, que tinha o menor recorde entre os amigos, consegui bater com os 88km voados. Os outros não bateram seus recordes (mas alguns voaram mais do que eu), mas todos ficamos extremamente satisfeitos com o lugar!

Neste dia, consegui uma carona no meio de Trindade (cidade onde pousei) e o Divino (pausa para propaganda: quem precisar de Blindex em Goiânia, eduvidros4@hotmail.com ou 62 3287-7458) me levou até o Portal ParkShopping, em Goiás mesmo. No caminho, fiquei sabendo de muitas coisas boas e ruins da cidade, e lá me deixaram. Um casal muito simpático, e o filhão Eduardo, de 7 anos...

O primeiro dia não foi exatamente uma aventura; foi um dia normal de voo. Mas foi uma boa introdução... As roubadas começaram no segundo dia! Mas esta é outra história! Abraços, e ponto ponto ponto.

XCerrado - Ah, estes brasileiros...

A viagem de ônibus não foi uma roubada menor. Pra começar que o ônibus atrasou - claro. Mas o que impressionou mesmo foi que ninguém aqui sabe o que é fila. Sabe fila, ou pelo menos "esperar a sua vez"? Aqui não tem disso não. Eu fui um dos primeiros a me posicionar para embarcar, e um dos últimos a fazê-lo!

A ordem de atendimento aqui é mais ou menos assim: imagine o rapaz que guarda as malas esperando em frente ao bagageiro. Agora imagine que forma um aglomerado de pessoas ao redor dele... Se você deixa um espaço entre você e o "cara da sua frente", entra um outro cara. E ele nem pergunta, nem te olha, nem nada. E o pior: o cara é endossado pelo atendente, que atende o cara antes.

E não foi só assim no ônibus. Foi assim em todos os lugares que paramos. Ah, é... Sabe o ônibus que peguei às 14h30? Ele atrasou 15 minutos, e era pinga-pinga. Parou em três cidades (pitorescas), e em sete lugares aleatórios no caminho. O resultado da roubada? Cheguei em Jaraguá por volta das 19h. Isso mesmo, de Brasília a Jaraguá em tempo recorde!! :- )

Daí, cheguei em Jaraguá. Ufa, finalmente! Como estava podre, resolvi pegar um taxi para ir até o hotel. Pareceu piada: o taxi andou exatamente duas quadras e parou. E sabe quanto paguei por isso? R$12. Isso mesmo. "Taxa mínima, senhor". Depois fui descobrir o que já sabia: taxi, aqui, pra qualquer lugar dentro da cidade, varia de R$5 a R$8. Brasileiro é uma bosta mesmo, parecemos fazer questão de fazer jus à imagem que passamos ao mundo... Abraços, e ponto.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

XCerrado - O óculos e a rodoviária

Rodoviária de Brasília, 16 de julho de 2011. 12h30.

Eu disse que a odisséia se iniciava? Bem, eu não tinha nem ideia do que eu enfrentaria. Esta, até agora, foi a viagem mais tragicômica que já fiz - e olha que nunca nos faltaram roubadas em se tratando de voo livre!

Logo depois de escrever aquele pequeno post anterior, desliguei o computador e me pus a observar tudo em volta. Eis que, lá ao longe, avistei três felizardos pilotos na mesma condição que eu - a da espera em Brasília. Avistei eles almoçando, mas quando era 12h eles levantaram e foram em direção ao embarque! Eu estava longe, não consegui questioná-los sobre o ônibus que eles estariam pegando, mas tinha certeza que estavam indo a Jaraguá. Precisava fazer algo!

Juntei todas as minhas coisas e tratei de ir ao setor de compra de passagens para ver se alguma outra empresa faria aquele trecho. E aí começou a história...

Quando cheguei no setor de compra de passagens, percebi que minha calça estava um pouco solta, querendo cair. Imagina eu, no meio da rodoviária, com uma mochila de parapente (que chama "pouca" atenção), uma mala de roupas em uma mão, um laptop e o porta-instrumentos do parapente na outra, e sem calça? Não dava pra deixar isso acontecer. Tratei de ir ao banheiro rapidamente - e rapidamente mesmo, pois a qualquer hora aquele pessoa iria partir e eu iria perder a chance de adiantar duas horas e meia de viagem!

Entrei no banheiro, deixei tudo no chão e meu óculos em cima dos mictórios. Prendi novamente a calça, peguei minha bagagem e saí correndo para as passagens. Tinha fila. Enfrentei a fila e, ao chegar no guichê, ele me confirmou que só tinha mesmo aquele ônibus que eu havia comprado as passagens... Meio sem entender a situação, saí da fila e me dei conta: cadê meu óculos de sol?

Corri para o banheiro (35kg de bagagem, correndo no meio da rodoviária; pensa...) mas é claro que já não estava mais lá. Presepada...

Como era o primeiro dia de viagem e eu não queria perder o bom humor, não tive muita escolha... Deixei as bagagens no porta-volumes e caminhei uns 5 minutos até o ParkShopping que fica logo ao lado do lugar. Comprei um óculos novo e voltei.

30 minutos depois, eu sentei de volta na rodoviária, exatamente na mesma situação: quatro malas, um óculos e 2 horas de espera. O mesmo ônibus, a mesma bagagem, e R$150 a menos no bolso. Moral da história? Fica inventando moda, fica rs... Abraços, e ponto.

XCerrado - o começo da odisséia

Rodoviária de Brasília, 16 de julho de 2011. 11h.

Eram 5h20 quando o relógio despertou, e 5h40 quando eu levantei, atrasado. O check-in da TAM conseguiu ser congestionado já às 6h30 da manhã, quando meu pai, que certamente acordou mais cedo pois às 6h já estava na porta da minha casa, me deixou no aeroporto. Mas tudo bem, estava sem pressa.

A intenção de vir tão cedo à Brasília era de não ter problemas com os ônibus posteriormente. Na verdade, o destino desta viagem é Jaraguá, que fica a 110km daqui. E é lógico que o sistema viário é uma beleza neste país... Por isso, achei por bem vir bem cedo e, se fosse preciso, aguardaria na rodoviária durante o sábado!

Conforme planejado, pois, estou cá eu, agora, no que eles chamam com aquele sotaque preguiçoso de “Rodoviária Nova”. De fato, é nova. Uma construção bastante moderna, espaçosa, ampla e bem arejada – o que parece ser essencial nesta terra. Faz 30ºC lá fora – isso porque é inverno!

Vindo do aeroporto até aqui já deu pra notar uma diferença incrível na paisagem. O cenário é árido, seco e marrom. Não sei o que ocorre com as roupas brancas aqui, mas imagino que a venda de alvejantes aqui seja muito alta! Ou a grama está morta, ou tem um caminhão pipa regando ela.

O plano de hoje não é conhecer Brasília; aqui fico até as 14h30, e não quero arriscar perder este ônibus – o próximo seria somente às 17h! Mas bem atrás de onde estou sentado há um painel enorme com uma panorâmica da cidade. É, a foto eu poderia ter visto pela internet. Mas ver dentro do próprio local te faz se sentir, de alguma forma, mais próximo. Já vi a ponte do Lenine, e o planalto do Capitão Nascimento. E agora passarei algumas horas vendo muita gente ir e vir... Abraços, e ponto.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Que tal uma atualização?

Saúde e sorte não têm me seguido simultaneamente, devo assumir. Ora estou com saúde, ora com sorte. Mas bem, entre trancos e barrancos a vida evolui, segue, e cá estou seguindo ela. Desta vez, um novo destino, uma nova aventura, que tentarei postar por aqui, sempre que possível, como ela está.

O destino é Jaraguá/GO, pertinho de Brasília. A intenção é voar, e voar muito longe! Estou indo para o XCerrado, um evento que está se tornando o principal evento de cross livre do país. Para quem não sabe, cross livre significa decolar de parapente, subir até a base da nuvem e ir embora até onde conseguir (a grosso modo).

Estou ansioso, e a expectativa da viagem é grande. Meu voo parte amanhã às 7h30, mas do jeito que estou não vou nem precisar acordar às 5h30; dormir é que está difícil...

E é isso. Um vídeo pra animar? Ok, um vídeo pra animar! E saudemos a nostalgia... Este vídeo foi a primeira tentativa de cross que fiz, que resultou em nada ruins 40km em Tangará/SC. Se houverem crianças na sala, sugiro que desliguem o som. Eu estava, como dizer... extasiado! Um abraço, e ponto.



Tá, mais um vídeo pra ser feliz (e com menos palavrões)!