domingo, 28 de fevereiro de 2010

Essas tais redes sociais

E tem gente que, por ser "inteligente" demais, fica fora do Orkut. Sinceramente? Eu adoro ele. Para mim, um admirador assumido do comportamento das pessoas (leia novamente: não da vida das pessoas, do comportamento delas!), o Orkut é um prato cheio para estudar o que acontece à minha volta. E vá dizer que isso não é interessante?!

Particularmente, sou apaixonado por pessoas. Não pela vida delas, entenda: não estou interessado exatamente no que elas estão fazendo, mas sim na forma como elas reagem diante de certas ocasiões. Pessoas são fantásticas; imprevisíveis e, ao mesmo tempo, chavões ambulantes. Sempre repetimos nossos atos, consciente ou inconscientemente. Afinal, agimos por princípios, crenças e instinto; não temos pré-disposição para criar novas reações, não somos programados como um computador! E é legal ver isso de fora. Tudo, no fim, parece se encaixar, como areia na peneira: escorre daqui, escorre dali, e de repente a peneira está limpa e pronta pra outra!

E tem o outro lado... Pra mim, poderíamos chamar o Orkut de uma releitura dos blogs. Eu sei, o Twitter é isso (em teoria), mas não pra mim... A idéia dos blogs era, no começo, que pudéssemos conhecer as pessoas realmente como elas são; que pudéssemos ler os pensamentos reais das pessoas, e não aqueles que elas demonstravam diante da sua rede social. Se os blogs tiveram um fim (ou quase, já que você está lendo um!), então o Orkut vem para substituí-lo, exibindo através de comunidades e textos exatamente este perfil. É fato, mentir continua sendo possível. Mas a mentira não dura muito, afinal...

E o que isso tudo tem a ver com alguma coisa? Bom... Domingo à noite é sempre um período em que as pessoas atualizam seus perfis no Orkut; novas fotos, novos comentários, novos pensamentos, novas comunidades... Todos, com base nos acontecimentos dos últimos dias, atualizam. E passamos a conhecer cada um um pouquinho mais... Hoje, a inteligência sarcástica de uma garota aumentou ainda mais meu encanto por ela. Engraçado é que temos muito em comum, e ao mesmo tempo nada em comum. Meu encanto é de fora, platônico; anônimo e quieto.

Pro meu azar, sou destes caras que se encantam por um sorriso e se derretem por um cérebro pensante. Minhas comunidades, hoje, não me definem; não as uso para isso. Mas, se o fizesse, uma em específico não me sai da cabeça: Inteligência é afrodisíaco. Ou vá dizer que não?! Abraços, boa semana para todos nós, e ponto!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sedução, a árvore da juventude

Um olhar, uma frase, um tom de voz, um suspiro diferente... Algo, você sabe que há algo que se destaca ali. Você não fala, ela não fala, mas está lá. A cada oi, a cada tchau, a cada simples menção que um faz ao outro, "aquilo" fica evidente... Uma sensação incerta, que você aceita, ou recusa. E corresponde, ou responde. E há quem fale que o amor é o que nos completa. Pois eu digo que a sedução é o que nos mantém vivo!

Pois se amar é uma dádiva, seduzir é uma arte. Somos vítima do amor, mas criminosos na sedução. O amor nos atinge, e nós é que atingimos com a sedução. Se amor é um porto seguro, a sedução é um campo minado por bombas de adrenalina, tristeza, solidão e incerteza.

Seduzir é uma aventura. Não é seguro, não é confiável, não é certo. É mais do que o friozinho na barriga a cada encontro, ou a lembrança carinhosa diante de um trecho de filme. Seduzir, e ser seduzido, nos causa uma sensação de força, de virilidade, de vitalidade. É gostoso sentir a sedução no ar, e principalmente enquanto ela ainda não é realmente dita. É gostoso imaginar se aquele ato foi intencional ou não, se aquela frase deveria ter soado daquele jeito. É adrenante, é selvagem, é misterioso...

É jovem! É aquela ansiedade na hora de dormir; aquele passo incerto, dado mas não correspondido; aquela eterna e sagaz dúvida. É um misto de sensações que nunca parece ter fim, e é muito melhor enquanto não tem mesmo.

Entendo muito bem os que dizem que ter um amor é bom. Mas há algo ligado à sedução que me desperta um interesse mais evidente: aquela sensação da incerteza nos causa um caos interno, e é justamente no caos que a gente evolui. Daí, se seduzir é uma arte, me coloco não só na posição de artista amador, mas principalmente de seu principal admirador. Abraços, e ponto.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O córrego

Pois a tristeza não cessa; não vem e simplesmente pára. Ela vem e continua vindo, feito água de correnteza. E, pensemos nós o que for, aquela água também não vai voltar na direção oposta "algum dia". Só vai continuar a vir, vir, vir... E também não adianta pensar que um dia acaba: tristeza é mesmo como água de nascente; brota do nada, cresce no caminho e não seca por nada no mundo...

E já que não seca, por que não nadamos na mesma direção? Não entendo porque relutamos sempre, e tanto, em fazê-lo. Não há sentido em remar contra, é preciso que se deixe levar. Tristeza é bom também; arrisco dizer que a alegria é que é perigosa, pois acaba nos deixando cegos, enquanto que a tristeza nos deixa mais atento. Deveríamos valorizá-la mais, essa tal tristeza...

Mas não o fazemos. E custamos a entender que tudo possui seu fluxo natural. E esquecemos que a correnteza pode até não ter fim, mas o córrego terá; e, se ao invés de lutarmos contra, simplesmente nos deixássemos levar, chegaríamos provavelmente na foz daquele rio, e encontraríamos a paz que tanto queríamos. Ah, mas remar contra parece ter tanta graça! ponto. ponto. ponto.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Em resumo...

Meu pai disse ter adorado Avatar em 3D. Extasiado, disse-me que eu deveria ver. Quando eu lancei a desculpa (esfarrapada) de que "é muito caro", ouvi na hora um "eu pago pra você!". Não aceitei (obviamente), mas a frase fez minha cabeça decolar. E sei que, agora, preciso agora de um bom plano pra fazê-lo experimentar um BMW...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

TPM não é só para mulheres...

"Eu ouço as estrelas
Conspirando contra mim."

São muitas as qualidades, virtudes ou simples características que me chamam atenção nas pessoas. Tanto as boas, claro, quanto as "nem tão boas assim", digamos. E dentre estas últimas, uma em especial é um prato cheio para minha mente. Quando alguém revela seu lado "conspirador" na minha presença, meu lado Simão Bacamarte (de O Alienista) é despertado a todo vapor: faltaria apenas puxar um banquinho para sentar e admirar aquela obra prima do cérebro alheio.

Para quem acha que nunca vivenciou cena tão magnífica, espere até a próxima TPM da sua namorada, prima, irmã, "esqueminha" ou colega de trabalho. Aquilo que elas têm por alguns dias, que as fazem desconfiar de tudo, nada mais é do que conspiração virada em mania de perseguição. E todo mundo sabe que as mulheres têm isso - ai de quem duvidar!

A boa nova é que homens também têm - e é muito mais legal quando eles põe pra fora. Porque homem é aquela figura forte, imponente, segura de si, e todo o resto. Mas, de repente, num ato bobo, simples, medíocre, seu melhor amigo é capaz de se virar no seu pior pesadelo. É fantástico. Das vezes que me envolvi com tais situações, passado o sentimento ruim ficou apenas a admiração pela criatividade do outro! As histórias vão mesmo longe!!

Às vezes a gente esquece, mas quando homem é amigo as coisas são ditas na cara. Homem que é homem não esconde o jogo, não joga nas entrelinhas nem fala por trás - pelo menos não quando é amigo. Homem fala na cara, e fala a verdade. Mas nem todos os seus amigos estão sempre em boas fases, fases nas quais lembrar-se disso é fácil. De repente, o dia do seu amigo não foi bom; ele brigou com a namorada, com a amante, com a mãe, com o chefe, com a empregada, com o porteiro, com o gari e até com o cobrador de ônibus.

E é muito interessante! Nestas horas, tal qual acontece na TPM das mulheres, uma frase diferente muda tudo! Imagine a cena: você respira diferente, e aquele som entra pela orelha do cara, percorre todo o caminho até o tímpano, que vibra, transmite aquilo para o cérebro, e naquele labirinto todo começam a se cruzar milhares de histórias em milésimos de segundo. E aquilo vai mastigando, vai circulando, vai crescendo, e você fala A ao invés de B. Daí aquilo se junta com a bola de neve, e CRÉU! Está montada toda a trama. Você só disse que preferia água ao invés de refrigerante, e o cara tem certeza que você tá de rolo com a mulher dele!

E é sempre nestas horas que não tem um banquinho em volta. Você olha, procura, estende o pescoço, força os olhos, mas não adianta... Não tem nem onde se escorar. Você precisa ouvir toda a balela de pé, e ainda prestar atenção - por questões óbvias de respeito. Pior: precisa argumentar, dar trela, tentar explicar! No fim das contas, aquilo só alimenta a bola de neve, que só fica pior...

Quando essas coisas acontecerem, desista. Vai pra casa, deixa a criança relaxar; com o tempo, ela percebe das besteiras que falou. É tipo TPM mesmo, passa!!

Mas ah... Eu gosto de pessoas. Elas sempre, sempre, aparecem com uma nova. E as amizades continuam não valendo nada, continuam se abalando por causa de mulheres que não são nem de um nem de outro - e que, é claro, não valem nada. A intenção era tão boa, mas não aos ouvidos de todos. Hoje vou dormir chateado. Mas contente com uma descoberta: nunca fora uma questão de idade, essa coisa da conspiração. É simplesmente do estado de espírito... Sempre foi... e eu nunca tinha percebido... Abraços, e ponto.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Fui pro RS de volta! Sul Brasileiro/Nova Petrópolis

Se o meu ano novo no Rio Grande do Sul já tinha sido bom, e se as gauchices só fazem do lugar ainda mais belo, na minha segunda viagem para o extremo sul do país eu me declaro de vez embasbacado com tanta beleza. No carnaval, com uma convidativa etapa do campeonato sul brasileiro de parapente, fomos parar em Nova Petrópolis, em plena serra gaúcha. E quê lugar!

Com os alemães tomando conta do local, e sendo a cidade berço de várias fábricas de sapato nacionais, Nova Petrópolis é uma cidade extremamente ajeitada. Pequena mas com bons recursos, bem diferente do interior do nosso estado. Não tivemos lá muito tempo para conhecer o povo local, já que o intuito da viagem era outro, mas o pouco que vimos nos agradou e muito!

A viagem começou na sexta-feira às 20h30, e só terminou às 5h10. Mesmo assim, 10h30 estávamos na rampa com um sol magnífico nas nossas cabeças; céu azul com pequenas formações surgindo, e um visual tão belo quanto assustador - no que diz respeito às roubadas que enfrentaríamos.

E as previsões foram corretas. A prova tinha início próximo à rampa, e depois seguia na direção de Canela, numa roubada sem fim dentro da serra. Questionei-me várias vezes que, se aquele tipo de prova era possível, poderíamos facilmente ter um campeonato na Cordilheira também! hehe...

Mas bem, campeonato é campeonato. Fiquei feliz por ter decolado "bem cedo" (algo em torno de 50min antes de abrir o start) e ter-me mantido no ar o tempo todo, tentando me posicionar bem. Infelizmente, não consegui uma térmica legal e acabei batendo o start com os mesmos 1200 que havia conseguido em todas as termais até então (a base devia estar a uns 1700). Afobado, cometi o erro de tirar baixo para tentar acompanhar o pessoal. Como a prova ia na altitude da cidade, e não do fundo do vale, com 8km de prova eu estava a 200m do chão, em cima de Nova Petrópolis. Isso é ruim, se você considerar que as opções de pouso são extremamente escassas no meio das cidades.

Sem opção visível ali pra frente, resolvi voltar. Falha minha novamente, pois o relevo de vale acabou formando o que chamamos de "venturi" (o ar afunila e o vento fica mais forte). Não consegui voltar para a rampa ou para o meio do vale, e a chance foi procurar um pouso seguro. Um pessoal que estava abaixo de mim nesta hora, pouco depois, vi subir tudo.


E pousei. Meio chateado, mas pousei. E de repente veio outro, e outro, e outro, e todos os outros que tinham subido mais do que eu! E outro que estava à minha frente na prova, e tinha arriscado de um jeito que eu não queria ter arriscado.

No fim das contas, acabei me consolando. Discutindo com o Ronnie, depois, acabei concluindo que meu erro foi mesmo ter-me precipitado ao tirar baixo; devia ter me preocupado em subir mais, me mantendo mais alto e tendo mais combustível para queimar. Errando e aprendendo, afinal....

E é isso. Desta vez, por conta de uma apresentação ímpar do nosso colega Galo Véio, editei um vídeo. Curta aí! E até a próxima! Abraços, e ponto.


Mais vídeos, e mais informações, no blog do Ronnie. Ele está mais acostumado com esse negócio de videozinho durante o voo rs...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Correr, correr, subir, subir!

Depois da bem-sucedida equipe Rocky Balboa, no Revezamento das Nascentes, o Leo (idealizador da coisa toda) resolveu repetir a dose: para o revezamento Inter-Parques, que rolou neste domingo (dia 7/fev) em Curitiba/PR, 7 equipes vestiram a camiseta e correram para o abraço!

Aliás, para o abraço e para as subidas. A ilusão de que apenas o último trecho contaria com um sol escaldante e um "sobe-sobe" sem fim foi logo jogada fora quando o primeiro lutador da Rocky III, Leandro Lyra (irmão da Nati Gump, que correu o revez. das nascentes conosco), suou forte para completar seu percurso. Foi mesmo incrível o fato de nós, que estávamos de fora, já estarmos suando às 8h da manhã, mesmo sem correr! Mas o Galego, que correu do MON até o São Lourenço, não deixou o sol barato e foi-se embora!

O Leandro passou a fita para o Marcus (também do revezamento), que faria o segundo trecho, de pouco mais de 3km. Interessante nesta prova é a velocidade com que ela ocorre. Se o revezamento passamos horas e horas na van, conversando e falando besteira, aqui não dá tempo. À exceção do primeiro trecho, que durou pouco mais de 40 minutos, todos os outros eram rápidos o suficiente para que muitas equipes não chegassem a tempo de fazer a troca! Resultado: cagada, o corredor que chegava ficava esperando o outro da equipe...

Felizmente para nós, conseguimos não nos perder muito, e efetuamos todas as trocas de forma bem sincronizada. No Tanguá, quem pegou a fita foi o Zé Andújar, um também novo amigo (pra mim) e bem parceiro! O Zé foi-se embora também, e me entregaria a fita lá no Tingui.

Mas e pra chegar no Tingui?! Enquanto o Zé brigava com o sol e as subidas, eu e o Leandro, no carro, brigávamos contra o relógio e a localização espacial. Bom... pensando bem, nós até sabíamos onde nós estavamos: o problema era saber onde estava o nosso destino!

Pergunta daqui, segue de lá, acelera um pouco, e pimba! Demos de cara com o Tingui... Um pouco apressado, tratei de trocar logo o chinelo pelo tênis e tocar para o posto de troca! Daí sim a ansiedade bateu...

Nem bem 5 minutos fiquei aguardando e lá veio o Zé, firme, forte e me procurando. Eu tinha trocado de camiseta, e por pouco o cara passa reto de mim! hehe...

O meu trecho, do qual eu estava com muito medo, foi até que bem fácil. Demos a volta no Tingui, o que já dá uns 4km, e depois subimos para o Barigui. Esta subida é bem intimidante, e meu medo do desconhecido me fez caminhar por uns 50m nela... Depois que vi que o Barigui já estaria ali e que a corrida estava acabando!

E daí cheguei, e foi só alegria! De impressões da prova, acabei ficando que é uma prova legal, mas questiono se faria novamente. Revezamentos são divertidos porque nos envolvemos realmente com a equipe e a competição; passamos horas e horas na prova, indo pra lá e pra cá, acompanhando e torcendo pelos nossos companheiros... Na Inter-parques, não há tempo: nós, com desempenho de pessoas normais, fechamos a prova em 2 horas. Rápido, não?! Mal há tempo para ajudar o companheiro, ir buscá-lo na chegada do trecho ou coisas assim... Ali o papo é rápido: piscou, já tem que estar no posto de troca!

Mas valeu a experiência! Ironicamente, Rocky Balboa 3, o nome da equipe, é também o nome do filme que carrega o slogan "O Desafio Supremo". Até que faz sentido este slogan, pelo menos para a próxima corrida que está por vir... Um abraço, e ponto!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

sábado, 6 de fevereiro de 2010

E por falar em correr...

Amanhã, acontecerá em Curitiba/PR o Revezamento Inter-Parques. Estarei lá, na equipe Rocky Balboa 3. Formamos 7 equipes para esta prova, e eu faço parte da de número 3. Na minha interpretação pessoal, Rocky Balboa 3 - O desafio supremo fez mais sentido do que sermos "a equipe 3 entre 7". Percorrerei o último trecho, pouco mais de 6 árduos quilômetros, dos quais farão parte a pequena subida que liga o Parque Tingui ao Parque Barigüi. Entre os fatores complicantes, estão a ausência de postos de água e minha eterna briga com o sol forte. Deverei largar por volta das 11h. Já começou o suadouro!!

E por falar em calor, este sábado fez um baita sol lá fora e um monte de gente veio até aqui pra ver se tinha algo novo. Po pessoal, vamos parar de contar só com a sorte e colaborar com a saúde!! Saiam daqui, voltem segunda-feira! Fui! ponto.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Correr? Por quê?

Correr não é divertido. Correr dói. Correr faz sofrer. Correr te coloca em evidência diante de si mesmo, fazendo-te encarar suas piores sensações, piores estados físicos, simplesmente para chegar até "o final". A corrida é egocêntrica, e o corredor é vítima deste egocentrismo. "Correr" é ingrato. Você corre 10, 20, 30km, e nunca, nunca, consegue responder à pergunta ridiculamente boba: "pra quê você corre?". Não consegue ou não quer. Responder "pra chegar no final" seria muito pouco, e ainda assim não tem resposta melhor. Correr machuca.

E se está um sol escaldante, correr piora. No seu aquecimento já se vão litros e litros de água, expelidos do seu corpo por todo e qualquer póro que ele possua. Quando se começa a correr, seus braços pesam. Suas pernas querem se arrastar pelo chão. O caldo de cana é uma tentação, e o boteco da esquina não fica nada atrás. As pessoas estão tomando cerveja, passeando, caminhando, fugindo do sol. Você não. Você precisa correr. Correr é uma droga. Correr vicia.

Sem falar do percurso, que em geral sai e retorna ao mesmo ponto. Você chega na metade sem água, sem forças, sem ânimo, e tem todo o caminho pra voltar. Você já sabe o que vai enfrentar... Subidas, descidas, sombras, muito sol... O caminho se desenha na sua cabeça, e martela um mantra desesperador sobre o caldo de cana geladíssimo, logo ali na frente. Sua mente é colocada à prova.

E me perguntam porque eu corro... Eu corro porque correr nunca foi fácil, e nunca vai ser. Eu era estudante e correr era difícil; eu fui estagiário e correr era difícil; eu sou empresário e correr continua difícil. Não importa seu carro, quantas namoradas você possui ou o cargo que você carrega na sua empresa. Não importa se tem família, se é velho, se é novo. Correr nos coloca no mesmo patamar. Ninguém é vítima, e ninguém é vilão.

Eu corro pra me colocar no meu lugar. Eu corro pra sofrer enquanto um velhinho passa tranqüilo, e corro pra passar tranqüilo por um adolescente. Eu corro pra brigar, pra comprar a briga comigo mesmo e provar, sofra o quanto sofrer, que sim, eu consigo. E corro pra meditar, e colocar tudo no seu devido lugar.

Eu corro pra ser parte de algo. Correr é ser parte de um mundo onde não importa nada além da sua própria determinação. Não corro pra vencer dos outros. Corro pra me lembrar que é ruim com chuva, e é ruim com sol também, e que reclamar disso nunca muda nada.

Eu corro porque eu gosto de correr. Não sei se tenho um bom motivo pra isso. Sei que não tenho nenhum que me faça parar. ponto.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sebastião e sua razão

Crescem as redes sociais e, em aparente proporção, crescem os julgamentos interpessoais. Ao que parece, julgar outrem nunca esteve tão em alta! Mas também pudera... Antigamente, você pegava um currículo, telefonava para as referências e estava feito o esqueleto. Hoje, você visita o blog, o twitter, o facebook, o orkut, o fotolog, o canal do YouTube e acaba conhecendo a pessoal de fato como ela é. Certo?! Não sei...

De volta à sala de aula, acabei me deparando com uma situação engraçada... À minha volta, proprietários de micro e pequenas empresas (como eu), programadores, estagiários e consultores. À exceção de poucos egocêntricos famigerados, nenhum de nós tinha qualquer noção sobre quem estava ao redor. A tensão era notável, pareciam todos com medo de provar que eram "menos" do que quem estava ao lado...

Mas eu, definitivamente, tenso não estava. E pus-me na posição de estudante, fazendo perguntas bestas e interagindo com o instrutor, que parecia tão inexperiente quanto sensato nas suas afirmações. E os outros me olhavam...

E me olhavam... e me olhavam... e me olharam. Acho que não gostaram de algo... Tive, ao final, a impressão de que passei por rude e esnobe ao questionar determinados pontos. E me dividi. Ao mesmo tempo que poderia ter-me calado, me juntando à massa oculta que se escondia atrás dos monitores, pus-me em evidência, abrindo margem para julgamentos desnecessários e, por que não dizer, provavelmente distorcidos.

E vá dizer que isso não acontece sempre, em outras situações?! Estamos sempre julgando, sempre pensando nas razões que levaram a outra pessoa a tomar determinadas decisões ou atitudes... Sempre, sempre... é uma força incontrolável, e é uma força problemática. Custamos a lembrar que, ao julgarmos alguém, estamos sempre baseando o julgamento nas coisas que nós conseguimos (ou não) imaginar; baseamos naquilo que conseguíriamos viver. Como se a outra pessoa tivesse a vida limitada às nossas experiências pessoais, e não às dela...

Daí me vem à cabeça uma das melhores frases que já li num livro - e, de fato, uma das maiores verdades que já li. O crédito é do vereador Sebastião Freitas, personagem de Machado de Assis em O Alienista... Eis que, em determinado momento, Sebastião resolve se rebelar contra Simão Bacamarte, o homem que internava quem quer que fosse julgado (por ele mesmo) "alienado". E ele solta a máxima:

"Nada tenho que ver com a ciência; mas se tantos homens em que supomos juízo são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o alienista?"

Simão Bacamarte não o perdoou, e Sebastião acabou recluso como os outros. Mas, pensando bem... até que Sebastião tinha sua razão, não?! Abraços, e ponto.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Realmente...

Não haveria suor, nem sofrimento, nem angústia, nem lamento... Ah, não haveria nada. Seria um mundo sem sentido, viveríamos na imortalidade, como intocáveis, sem receios do que estaria por vir. Nada de ruim poderia nos acontecer, a vida seria simplesmente boa, simplesmente perfeita, simplesmente... uma merda!

Pra nossa sorte nos decepcionamos. Tropeçamos. Tomamos decisões que não entendemos. Frustamos, somos frustados.... Amamos, e nos deixamos amar. E sofremos, e causamos dor. Algumas dores tão fortes, e ainda assim nem conseguimos explicar as razões.

E eu só sei que ser homem, nos dias atuais, está complicado. Há uma famigerada frase que afirma que "duas cabeças pensam melhor do que uma". Definitivamente é um pensamento feminista e ingênuo. Nenhum ser com duas cabeças diria isso em sã consciência. ponto.